Segundo João 2:1-11, Jesus, numa festa de "bodas" (casamento), transformou milagrosamente água em vinho. Nossa investigação procura saber se a bebida em questão era vinho alcoólico ou simplesmente suco de uva não fermentado. Primeiro, caro leitor, é fundamental conhecer o relato completo:
JOÃO 2:1-11
"E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus. 2 E foram também convidados Jesus e os seus discípulos para as bodas. 3 E, faltando o vinho [oinos], a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho [oinos]. 4 Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. 5 Sua mãe disse aos empregados: Fazei tudo quanto ele vos disser. 6 E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus e em cada uma cabiam duas ou três metretas. 7 Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. 8 E disse-lhes: Tirai agora e levai ao mestre-sala. E levaram. 9 E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho [oinos] (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os empregados que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo. 10 E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho [oinos] bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho [oinos]. 11 Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele."
Temos também a declaração adicional de João em
JOÃO 4:46
"Segunda vez foi Jesus a Caná da Galiléia, onde da água fizera vinho [oinos]..."
Análise:
Comparando o texto em português acima com o grego aolado, notará a palavra "vinho" como tradução de "oinos". Sabe o que estavapalavra significa? "Oinos" refere-se basicamente a vinho com completafermentação alcoólica, embora possa aplicar-se a bebida desde o início doprocesso de fermentação. Portanto, independente do estágio de fermentação, o"oinos" produzido por Jesusnecessariamente conteria teor alcoólico, sejapouco ou muito. OsiteEmVerdade é favorável a idéia de que a bebidamilagrosa era completamente fermentada.
Contudo, há quem apele erroneamente para o simbolismo de Apocalipse 6:6 e 19:15 na tentativa desesperada de alargar o significado de "oinos" para que inclua a idéia de suco de uvas não-fermentado.
Mas, mesmo que fosse, certas informações do próprio contexto das bodas fornecem indicações de que o vinho milagroso era realmente alcoólico. Quais são? Considere atentamente:
Versículo 9
"E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os empregados que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo."
Indicação 1:
Jesus sabia que havia ali alguém à serviço como "mestre-sala". Em conformidade com isso, João afirma que o "mestre-sala provou a água feita vinho". Não há registro de existir provadores de suco de uva, mas sim provadores de vinho fermentado. Conseqüentemente, o próprio Jesus requisitar o serviço especial de tal homem sugere vinho alcoólico.
Versículo 10
"E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho."
Indicação 2:
A bebida feita por Jesus foi classificada como "bom vinho". O que revela o significado desta expressão? Bem, se esta expressão fosse sinônima de inocente suco de uva não-fermentado, inutilizaria o artifício de servir vinho "bom" antes do "inferior" posto que seria fácil para aquele que tivesse "bebido bem" de tal suco não inebriante identificar quando a bebida "inferior" fosse servida. Portanto, pelo próprio contexto imediato do versículo, "bom vinho" indica bebida alcoólica pois "beber bem" dela entorpeceria o paladar dificultando perceber quando se bebesse do vinho "inferior".
Temos indicação bíblica adicional de que "bom vinho" provocasse um estado inebriante? Para o desagrado dos defensores do vinho não-fermentado, Cantares de Salomão 7:9 revela que "bom vinho" é algo mais do que inocentes uvas espremidas pois "faz com que falem os lábios dos que dormem."
Em toda a Bíblia, não existe um único texto bíblico sugerindo sequer que "bom vinho" não embriagaria, se tomado em excesso.
Conclusão: Caro leitor, tendo em vista as ponderações apresentadas, é bem provável que Jesus realmente tenha transformado água em vinho alcoólico. Caso discorde, então, assim como fiz acima, gostaria muitíssimo que me enviasse as indicações contextuais de que o vinho milagroso não poderia ser fermentado. |
O PROCESSO DE FERMENTAÇÃO — ESTABELECIDO POR DEUS!
O gradativo processo de fermentação se inicia geralmente dentro de seis horas. Sob fermentação alcoólica, o mosto dá origem ao vinho [Miquéias 6:15]. Em seguida, inicia-se a fermentação acética, originando o vinagre. Não há nada de condenável ou pecaminoso nisso. Jesus, como "arquiteto" (Provérbios 8:30, na ARA.) na criação de Deus, conhecia perfeitamente o processo de fermentação das uvas. Assim, o suco de uva natural não fermentado, pela própria lei estabelecida pelo Criador, viria progressivamente a conter álcool.
JESUS FALA POSITIVAMENTE SOBRE O "MILAGRE" DE
TRANSFORMAR SUCO DE UVA EM VINHO FERMENTADO
LUCAS 5:37-39
37 E ninguém deita vinho (oinos) novo em odres velhos; do contrário, o vinho (oinos) novo romperá os odres e se derramará, e os odres se perderão; 38 mas vinho (oinos) novo deve ser deitado em odres novos. 39 E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom.
Análise:
1) Podemos observar aqui que "vinho novo" não é um inocente ou estático suco de uva pois "romperia odres". Trata-se de algo vivo, em fase de desenvolvimento quanto a fermentação alcoólica.
2) Ao falar sobre vinho repare que Jesus não criticou o procedimento técnico para produzir vinho novo em velho. Não tenha dúvida de que Jesus aproveitaria a oportunidade para condenar tal produção ou o consumo desta bebida se ela fosse imprópria aos servos de Deus. Mas, pelo contrário, falou normalmente sobre isso como se fosse algo comum e aceitável e, de fato, era realmente assim.
3) Se o melhor vinho fosse o não-fermentado, em contraste, Jesus explicaria como produzi-lo. Mas, nem aqui e nem em qualquer outro lugar da Bíblia, Jesus (ou qualquer outro) explicou sobre como conservar suco de uva sem fermentar ou que o suco deveria ser consumido somente antes da fermentação. Tudo o que for além disso é pura especulação.
4) Ao usar a palavra "ninguém", Jesus não limita aos mundanos (como querem alguns) a declaração acerca do vinho: "o velho é bom".
Na festa das bodas, só o primeiro vinho era fermentado? a ] Após tomar do vinho milagroso, o experiente mestre-sala, em vez de identificá-lo como sendo suco de uva ou anunciar uma mudança na espécie da bebida oferecida, elogiou o noivo por "guardar", isto é, permanecer servindo "até agora o bom vinho" em contrate com o costume de fazer isso apenas na parte inicial da festa. Para o mestre-sala, assim como o primeiro, o segundo vinho era bom "oinos". b ] Em adição ao argumento acima, temos uma segunda testemunha: o apóstolo João. Nem mesmo numa ocasião importantíssima como esta — o primeiro milagre de Jesus — João esforçou-se em usar um termo grego que distinguisse o vinho milagroso do oferecido pelo noivo ou que equivalesse exclusivamente a suco de uva não fermentado tal como "trudz". O fato é: divinamente inspirado, João não fez diferenciação entre os vinhos pois escreveu que ambos eram "oinos" (versículos 3 e 9). Deveríamos nós diferenciá-los? c ] A Bíblia de Estudo Almeida, página 140, diz sobre João 2:1: "Talvez Maria estivesse ajudando a servir (vs. 3-5), já que, em tais ocasiões, somente os homens participavam do banquete formal." Se apenas o vinho provido pelo noivo fosse fermentado, Maria oferecia inicialmente vinho alcoólico aos convidados e só posteriormente o vinho não alcoólico... Perguntas e respostas 1) Se Jesus produziu vinho fermentado, por que não o colocou nos odres disponíveis, e sim nas talhas de pedra? Na realidade, o que se está insinuado com essa indagação é que o vinho milagroso não era fermentado pois, se fosse, ele seria colocado nos odres utilizados para o vinho que findou. Contudo, alguém mais atento poderia interrogar: "Odres disponíveis"? Quais odres? O relato jamais afirma que o vinho estava em odres, diz? Antes de se indagar o porquê da não utilização de odres, seria necessário provar a existência deles! Realmente, não acha muitíssimo perigoso apoiar toda uma doutrina sobre algo não mencionado no contexto? Odres eram populares e até penso que foram usados, mas não posso indicar (nem ninguém) algum versículo do contexto onde a palavra "odre" apareça. Honestamente, não creio que tenha sido impossível ou proibido armazenar vinho em recipiente diferente do odre. Mas, se fossem odres, por que não foram reutilizados? O relato não apresenta a razão. O que sabemos é que o vinho acabou. Assim, se Jesus reaproveitasse os mesmos insuficientes odres [ou seja lá qual tenha(m) sido o(s) recipiente(s)], o problema da falta de vinho talvez se repetisse. Mas Jesus sabiamente resolveu a dificuldade indicando as espaçosas talhas da pedra para colocá-lo. 2) Se o vinho produzido por Jesus fosse vinho ainda em processo de fermentação, poderia causar embriaguez, se ingerido em excesso? Por mais que bebesse, ninguém se embebedaria com algum suco de uva, não-fermentado, como o imutável suco de uva engarrafado da Superbom (uma empresa adventista). Estando em processo de fermentação, o vinho não seria uma bebida inerte, estática, como que morta. Pelo contrário, estaria ativa, em crescente evolução. Antes de se iniciar a fermentação, não causaria embriaguez. Contudo, à medida que a fermentação progredisse, aumentaria as chances de embriaguez para aquele que ultrapassasse a moderação no beber dele. Embora o relato não especifique em qual dia da festa Jesus chegou, provavelmente não foi no primeiro uma vez que o vinho já havia terminado. E, se considerarmos a quantidade de vinho produzida, também não seria o último dia. A fermentação se inicia rapidamente e, além disso, a quantidade abundante de vinho não seria consumida imediatamente visto que as "bodas" geralmente duravam dias. 3) Será que não podemos confiar na declaração do "mestre-sala" (versículo 10) só porque ele não sabia de onde havia vindo o vinho? É muito triste precisar chegar ao ponto de questionar a capacidade de um especialista - requisitado por Jesus - na tentativa desesperada e míope de enfraquecer a argumentação em favor do vinho fermentado... Ora, devemos crer que Jesus participou de uma farsa para enganar os convidados usando propositadamente um provador não confiável, que divulgasse falsidades sobre vinhos? Ou será então que Jesus, inocentemente, participou de um trama Satânica para manchar sua reputação? Foi Jesus enganado consultando alguém que apenas parecia ser um especialista em analisar bebidas quando na realidade era um charlatão? De certo, desconhecer a origem do vinho em nada desqualifica o "mestre-sala" como provador. Afinal, ele não estava ali para manifestar dons de adivinhação! Jesus não lhe enviou o vinho para que o homem descobrisse sua origem, mas porque confiava em sua habilidade de provador. Não deveríamos confiar também? 4) Naquele tempo, as festas de casamento poderiam durar vários dias. Se o vinho servido fosse alcoólico, todos convidados que tivessem 'bebido bem' (versículo 10) dele já estariam completamente bêbados! Se a expressão "bebido bem" indica exagero, estaria Jesus contribuindo com o abuso de suco de uva ou mesmo de bebida fermentada? Que idéia se quer transmitir com a expressão "bebido bem"? A Bíblia de Estudo Pentecostal, página 1572, afirma que "a expressão 'bebido bem' provém da palavra grega methusko, que tem dois significados: (1) estar ou ficar bêbado, e (2) estar farto ou satisfeito (sem referência à embriaguez). Aqui devemos entender methusko como o segundo destes dois significados." Concordemente, tanto a Almeida Revista e Atualizada como a Almeida Corrigida rezam: "beberam fartamente". A Nova Versão Internacional diz: "beberam bastante". A Bíblia Viva parafraseia: "todo mundo está satisfeito". Portanto, a expressão "bebido bem" não garante que os presentes à recepção manifestaram exagero ou abuso de bebida alcoólica, tampouco prova que o vinho servido não era inebriante. ("Fartar-se" de algo não indica necessariamente excesso ou gulodice. Veja Deuteronômio 14:29; Salmos 22:26; Jeremias 31:14.) Pense nisso: segundo as tradições judaicas, as festas de casamento poderiam durar vários dias (Juízes 14:12, diz que as bodas de Sansão durou "sete dias".). Todavia, arrazoar que os convidados estariam completamente bêbados é julgar desfavoravelmente àquelas pessoas. Ora, seria impossível o bom uso do vinho?! Afinal, não se requeria dos convidados aceitar bebida toda vez que fosse oferecida! Tampouco eram forçados a permanecer todos os dias na festa bebendo. Pelo que fez naquela festa, Jesus "manifestou a sua glória" (João 2:11). A glória, neste caso, refere-se a uma impressionante evidência do poder milagroso que identificava a Jesus como o prometido Messias. Teria ele escolhido esta ocasião para isso, se a festa tivesse sido desordeira e descontrolada? É evidente que Jesus, seus discípulos e sua mãe não estariam permanecido em uma reunião social junto à beberrões, estariam? Não tenha dúvidas de que o padrão ali era a cautela no beber. Quão melhor é não fazermos julgamentos condenatórios precipitados! Medite: Se você não bebe de forma alguma, será que procura agir em harmonia com a orientação abaixo? ROMANOS 14:3 "... O que não come (no nosso caso, aquele que bebe) não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu." Pense nisso: Além da bebida, na festa também havia comida. Aliás, mais que bebida visto que não havia faltado. Seria sábio garantir a respeito dos convidados: "Caso estivessem comendo, estariam já todos se tornado comilões"? Novamente, isso seria desmoralizá-los. Seria julgá-los duramente — sem levar em consideração as circunstâncias. Outra objeção semelhante: "Se Jesus fez uma grande quantidade de vinho alcoólico para os participantes de uma festa de bodas em uma pequena vila, então ele não estaria ensinando uma lição sobre a moderação..." Novamente, com o argumento da "quantidade" se quer dizer desesperadamente que a bebida era suco de uva. Porém, trata-se de um raciocínio inapropriado pois parte da idéia imaginária que os convidados deveriam beber obrigatoriamente todo o vinho produzido milagrosamente, sem deixar sobrar uma gosta sequer. Além disso, cria-se a dificuldade: Jesus permitiria então a não moderação no consumo de suco de uva? Estaria Jesus promovendo a imoderação no comer quando produziu tanta comida na ocasião de Mateus 15:32-38? Fruto da vide Para alguns, é impossível que a expressão "fruto da vide" (Mateus 26:29 ; Marcos 14:25 ; Lucas 22:18) signifique outra coisa além de suco de uva doce, sem nenhum teor alcoólico. Dizem: "o vinho não fermentado é o único 'fruto da vide' verdadeiramente natural, contendo aproximadamente 20% de açúcar e nenhum álcool." Suponhamos por um momento que a expressão "fruto da vide" refira-se somente a suco de uva sem fermentação. Nesse caso, por que João não usou essa expressão para deixar bem claro que o vinho produzido por Jesus no casamento em Caná era "verdadeiramente natural", sem nenhum grau de fermentação? Esta seria a melhor ocasião - em toda a Bíblia - para ensinar isso. João poderia ter feito isso, contudo, não o fez! Mas, mesmo se o fizesse e se este fosse o único significado da expressão "fruto da vide", isso não provaria necessariamente que Jesus fosse contra bebida forte. Como já sabemos, João usou a palavra grega "oinos" nos versículos 3 e 10 para "vinho", "vinho bom" e "bom vinho". Esse pormenor também sugere que o "oinos" milagroso não se tratava de suco uva não-fermentado. Dica: Encontrará informação relacionada procurando no índice o artigo sobre Noé ter feito mau uso do vinho.
Evidentemente nada disso aconteceu! Se a declaração do homem não fosse confiável ou verdadeira ou ainda se o homem não tivesse boa reputação, isso seria boa munição para os opositores de Jesus, tais como os fariseus e os saduceus.
A QUANTIDADE DE VINHO PRODUZIDA POR JESUS
João 2:6, 7 indica que foram cheias até em cima seis talhas de pedra — cada uma com capacidade de duas ou três metretas. A Bíblia de Estudo Almeida, na nota ao pé da página sobre João 2:6, comenta que a "metreta, medida grega, equivalia provavelmente a uns 22 litros. Segundo outros, equivalia a uns 40 litros". Se usarmos a medida menor, as seis talhas de água continham 264 a 396 litros, ou cerca de 70 a 105 galões. É possível que centenas de pessoas estivessem presentes, do contrário Jesus não teria achado necessário produzir tanto vinho. Contudo, em outras ocasiões em que serviu como provisor milagroso, Jesus não proveu apenas o mínimo necessário. Quando ele multiplicou pães e peixinhos para alimentar 4.000 homens, além de mulheres e crianças, as sobras encheram "sete cestos cheios de pedaços", cestos de junco suficientemente grandes para conter um homem [Mateus 15:32-38; Atos 9:25]. Similarmente, pode muito bem ter acontecido que no fim da festa em Caná houvesse amplo suprimento de vinho para uso futuro, sendo o vinho uma bebida comum às refeições. Isto teria destacado que Jesus era generoso, como seu Pai é. — Atos 14:17; compare com Mateus 14:14-21.
Seria uma grande tolice alguém argumentar que Jesus promovia ou induzia alguém a comilança devido a grande quantidade de comida, não seria?
Gostaria de conhecer seu comentário sobre este estudo. Escreva para emverdade@yahoo.com.br |